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O mundo mergulhou nas
vicissitudes de uma pandemia, a COVID-19, nos transportando às peripécias do
pânico mundo afora! As medidas profiláticas e de segurança se avolumam
alicerçando os caminhos da cura. Os especialistas ditam as regras, em
entrechoques de ideias e conceitos na pandemia paralela de conhecimento. Homens
e mulheres se encolhem premidos pelo medo de um fim próximo. No mesmo cenário,
coabitam políticos e inescrupulosos, vislumbrando possibilidades de vantagens –
o homem na sua expressão mais antiga e nefasta, o egoísmo inerente à espécie.
Nesse ambiente, entretanto,
aos argutos, o homem se desnuda para a observação e descoberta de si mesmo. A
beira do derradeiro abismo, ainda, pugna por se locupletar a despeito do sacrifício
de outrem. O campo da insensatez é imenso e populoso. Assistimos o falsificador
de produtos e remédios, às claras, cometer seu crime; acompanhamos o político
insensível esquecer a quem deve servir e representar, tratando de alcançar sua
metas vazias e pessoais; presenciamos o irresponsável não atender às
determinações das autoridades, provocando mais perigo; constatamos alguns
empresários criminosos expor o cidadão à sua indomável gula pelo lucro.
A vileza humana assombra a
quantos assistirem o espetáculo improvável e indevido.
Por outro lado, quanto,
positivamente, essa tragédia mundial nos tem ensinado!
A clausura que estamos
vivendo nos faz ver o imenso e verdadeiro valor da liberdade que
experimentamos, mas não percebemos; força-nos, ainda, notar o quanto estamos
inseridos na Natureza e, por via de conseqüência, como dependemos de sua
exuberância e força; como passamos, como por encanto, a descobrir,
verdadeiramente, o peso do “ter saúde”; torna-se límpida a percepção de possuir
e usar, cada dia mais, aquilo que nos é ofertado, nestes momentos meditativos;
o homem começa, agora, a se dar conta que não é tão ocupado quanto pensa sê-lo;
começamos a valorizar o que se apresentava, erradamente, como supérfluo, sendo,
embora simples, coisas de gritante necessidade, como estar, de fato, com o
próximo, dedicar-lhe a devida atenção, respeito, amizade e amor. A Natureza, em
seu esplendor, mostra-se, mais atraente, quando, obrigatoriamente, nos
enclausuramos e a deixamos recuperar seu espaço e forma. Na calada do momento,
refletimos e nosso mortal e incessante estresse, milagrosamente, se apequena.
Realmente, “há males que vêm
pra bem!” Novos valores velhos, que adentram ao ser humano, sinalizam o caminho a
seguir. Seguiremos? Crescerá em nós a noção da igualdade humana, uma só raça, sujeita
às mesmas mazelas e mesmas conquistas?
Temos que ver a nossa Terra
sob nova perspectiva! Recomeçar, talvez, não do zero, mas com uma nova energia
e, espiritualmente, mais próximo do conhecimento do “a que vimos”.
Não há nada que o tempo não
resolva!