14 outubro 2010

CARTA A UM AMIGO

Fábio, meu irmão,
a liberdade é o bem maior que temos e, muitas vezes, só lhe damos valor quando a perdemos. A ignorância da camuflada verdade alheia não nos poupará das consequências da perda da real liberdade.
Infelizmente, grande parte da nossa população não vê o mal que está se alastrando nos últimos anos em nosso País, sob o manto da legalidade e do falso desenvolvimento. Só se dá conta aquele mais arguto que faz a comparação devida com outras nações, que melhor aproveitaram o momento mundial (vide China, Índia e Rússia). O crescimento de uma nação é um processo em que um governo deve partir de onde o anterior deixou. Sorte de quem pega o caminho preparado. Deve aproveitar e não alardear que fez tudo sozinho. Crescemos, mas poderíamos crescer muito mais.
Internamente, a corrupção se alastra e é acobertada pela máquina. O STF está quase todo nas mãos de indicados pelo mesmo partido nos últimos anos, os grandes empresários, na busca incessante de mais crescer, apoiam a máquina estatal, na medida em que ela os remunera com os devidos retornos; os banqueiros, outrora tão criticados pelos integrantes do partido do governo, nunca tiveram tanto lucro fácil com as benesses da maior taxa de juros do mundo atual; os escândalos acontecem e só são apurados aqueles que não afetam o programa político do governo, colocando a própria estrutura policial refém de interesses; certas e incríveis fortunas emergem, normalmente, fruto do nepotismo que grassa, rapidamente, ao se assumir um cargo presenteado; a máquina governamental está, totalmente, mobiliada, e a serviço de seus benfeitores e o povo...ahhh esse povo, mantido à margem da instrução e da cultura de crescimento individual, é conduzido, qual rebanho dócil e faminto, pelas migalhas das diversas bolsas, a ponto de esquecer do que, de fato, precisa para se tornar cidadão. "Panes et circenses" moderno, cultura da seca estendida, não mais só ao Nordeste, mas a todos os brasis.
Os olhos de grande parte da população foram , devidamente, embaçados, a ponto de não se ver, nem as necessárias qualidades individuais de liderança para se dirigir um país das dimensões e potencialidades do Brasil.
Fábio, infelizmente, nosso povo reduz uma eleição dessa importância, à mera torcida futibolística, como se fosse, no máximo, uma final de campeonato. E nessa toada, vemos amigos, que cremos pertencer a uma elite pensante e formadora de opinião, emitir argumentos sem o mínimo de sustentação, provando total desconhecimento de uma visão mais ampla e prospectiva; alegam a não mais existência de regimes sócio-políticos, que somente se metamorfosearam para, ainda, se mostrarem pertinentes. Na verdade, penso que estão, como a maioria de nossos políticos, na busca de interesses individuais, ignorando que o bem comum, é salutar a todos e o maior legado da verdadeira democracia, onde se inclui a liberdade, ameaçada, possivelmente, a médio prazo.
Que o Grande Arquiteto do Universo nos apoie e guarde.
Ivan

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